quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Raiva iluminada


Os pretos Americanos são as melhores pessoas do mundo. Vão ler as (semi)auto-biografias do MLK e do Malcolm X e verão como aquela raiva contida, focada, letrada, inteligente é um produto único na história da humanidade, quando um grupo de gente que tinha sido empurrada para baixo umas boas centenas de anos usou o cérebro e a palavra para assustar os filhos-da-puta que os queriam continuar a explorar. As manifestações armadas desta raiva como a dos Black Panthers, ainda que mais materialistas, eram ainda assim reacções intelectuais: o canudo da espingarda projectava uma ideia, a de auto-defesa contra instituições racistas e por isso a luta nunca levou à guerra civil ou à violência aleatória, excepto em períodos excepcionais de motim.

A explicação para esta bestialidade foi-me dada pelo Winton Marsalis. Aqui há uns anos, numa entrevista no Daily Show, o Jon Stewart perguntou-lhe porque razão já não havia mestres no Jazz. O Winton disse-lhe: as coisas antes eram mais extremas e geravam reacções extremas, neste caso a entrega total à música e à experimentação. Era desse ambiente extremo que vinham o Coltrane e o Miles Davis e, fora do Jazz, o Gil Scott-Heron. Só num país que combinava a humilhação em massa de tanta gente e ao mesmo tempo recursos extraordinários, económicos e culturais, poderia produzir gente tão excepcional. Para todos os que apelam à calma, contenção e seriedade dos portugueses, sabei que só quando apelarmos à fúria, descontrolo e ingenuidade dos portugueses conseguiremos algo de verdadeiramente extraordinário.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Foda-se

Já alguma vez leram este texto do DFW? Daqui a pouco já aqui venho dizer o que penso.