terça-feira, 25 de outubro de 2016

Já me fui mas a frustração continua

Quem tem lido este blog assiduamente, como por exemplo a Sofia Aparício e o Herman José, sabe que passei meses, que pareceram anos, que pareceram muito tempo, a tentar fugir da ilha pequena, estapafúrdia, gelada, chuvosa, merdosa, não sei se já disse estapafúrdia, que se chama Grã-Bretanha. Pois bem fugi, vivo no calor caralho! Esta merda deveria ser celebrada e garanto-vos que foi no momento apropriado. Daí que não escreva: estive bêbedo durante 3 meses.

Curiosamente, um gajo dado à melancolia até se pode sentir um bocadinho melhor quando faz sol, mas a puta da tendência para a abstracção persegue-nos caralho, e não nos deixa em paz.

De modos que até já.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Pois parece

Pois parece que a falta de melancolia é inimiga da mais elevada forma de expressão conhecida à mulher, e ao homem já agora, a escrita. A escrita é a forma mais elevada de expressão pois é a única que necessita aprendizagem, regras colectivas de entendimento, expressão individual e subjectiva e apropriação colectiva. Nós já fazíamos pinturas e música antes de sabermos como tear uma camisola com uma máquina a vapor. Mas escrever é recente e para poucos*.


Felizmente a puta da melancolia volta com regularidade.


Já agora uma mensagem aos Brexiters que votaram Brexit por causa dos imigrantes e porque querem que o seu país volte a ser soberano ou o caralho que os parta a todos: vão-se foder, esta ilhazinha de merda não vale a ponta de um corno. Não fosse o Newton e o Watt aqui há uns anitos atrás e estarieis tão atrasados como os Somalienses.


Outra mensagem para os Brexiters que votaram Brexit para mandar o establishment para a puta que os pariu e porque vos sentis negligenciados pela integração económica que a vós pouco vos serviu: têm o meu apoio moral e compaixão. O Brexit vai-vos foder ainda mais, porque caso não tenham reparado deram poder aos maiores palhaços desta pequena ilha gelada e estapafúrdia no Atlântico Norte, mas entendo e partilho a vossa frustração, ainda que financeiramente a vida nem me corra mal.


Best regards,

Marques


* Uma boutarde para o jantar, incha!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O levem-me daqui

é sentido nos ossos, nas carnes, na película mitocondrial, nos interstícios da espinha. Não é uma foto ao acaso, mas representa literalmente aquilo que se vê: estou aqui de arraiais assentados, como se estar fora da minha terra fosse um protesto permanente, mas na verdade o que quero é que me arranquem daqui, à força se necessário, e me levem para casa. Eu fingirei indignação, porque se não pareceria que tudo isto era uma merda sem sentido, mas na verdade deixar-me-ia levar sem grandes resistências, pensando para mim: levem-me daqui, por favor, levem-me daqui caralho, levem-me daqui filhos da puta de um cabrão.



A felicidade amolece

e faz com que escreva menos, mas a felicidade dura pouco. Voltarei em breve.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

quarta-feira, 30 de março de 2016

Jay Z

Gostava de saber rappar mas não me sai. Deve ter a ver com um processo cognitivo qualquer que desconheço, e que tão pouco pesquisei, que me permite sentir-me confortável a escrever rápido quase em stream of conscience mas impede-me de ser capaz de pôr palavras umas atrás das outras num contexto de improvisação oral. É verdade que as velocidades são diferentes, o que poderá explicar a discrepância, mas acho que não é bem isso. Quando leio as letras de rappers conhecidos, com excepção para alguém como a Capicua, uma intelectual que claramente trabalha as letras do ponto de vista da palavra escrita e não da palavra oral (acho eu, também não pesquisei este ponto), aquilo não segue um pensamento linear. Ou seja, para rappar bem há que estar disposto a quebrar regras formais de linguagem em troco de obter um fluxo melódico e encadeado de palavras, que façam sentido mas não necessariamente da mesma forma que faz sentido aquilo que se escreve. Deve ser por isto, o meu pensamento é demasiado formal e sistemático para permitir a liberdade de expressão necessária para improvisar em rap.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Merriam-Webster

Pearl necklace: the glorious culmination of tit-fucking, in which you blow your nuts out all over a girl's tits, shoulders, neck, and, with any luck, chin. one of the highest expressions of love and affection bestowable upon a woman by a man.

Example:

Dashing Gent: Hey, I bet you'd look good in a "pearl necklace."

Big-Titted Dreamboat: Why, yes, I supposed you're right. Why don't you come on over to my place and baste my torpedo tits and elegant neck with your steaming hot man goo?

sexta-feira, 11 de março de 2016

Pontos essenciais para a sobrevivência numa sociedade globalizada, reflexiva, cosmopolita e com tendência para a repressão da flatulência

1. "Justice is the first virtue of social institutions, as truth is of systems of thought."

2. Gosto muito do Gonçalo M. Tavares (o M. não significa Marques, eu não sou o Gonçalo M. Tavares) e estou a gostar muito de ler o livro dele "Uma Viagem à Índia". Quando penso no Gonçalo M. Tavares (eu nunca falo de livros com outras pessoas, mas penso muito sobre livros e autores) engano-me sempre no nome dele e imagino que se chama Rodrigo ou outra coisa qualquer, o que me deixa envergonhado, ainda que seja apenas um diálogo interno.

3. Bill Burr, excepto quando é sexist (corrijo: misógino).

4. Post Pop Depression.

5. Vídeos no Youtube de bullies a levar nos cornos, embora em alguns dos vídeos seja difícil perceber quem é exactamente o bully.

6. Imagens de praias, montanhas, planícies, esplanadas, hortas, banhadas pelo sol (sim é um cliché dizer banhado pelo sol, e depois caralho?).

7. Stephen Colbert, sempre.

8. Boa tarde:

segunda-feira, 7 de março de 2016

A minha espetacularidade

A revistitazita The Economist escreveu um artigozito a argumentar algo semelhante ao que eu argumentei em baixo. É para que vejam como sou espetacular!

"Mrs Clinton has the opportunity to put together a coalition of anti-Trump voters broader than the one that carried Barack Obama to victory in 2008 and 2012 (...) a President Hillary Clinton might argue for the virtues of democratic compromise, and not claim that she can magically give her core voters everything they want all of the time. If she were able to pursue a different kind of politics, one that seeks to deal with some Republican concerns as well as Democratic ones, she might just hold the new consensus together for longer, reshaping the parties, making the country more governable and burying Mr Trump’s offer of an America turned against itself. This is the distant promise that 2016 holds. As the battle lines are drawn, try to bear it in mind."

O Marco Paulo é uma pessoa fascinante, um herói português, um homem que fez o que muito poucos fizeram em Portugal. Leiam e aprendam: http://www.noticiasmagazine.pt/2016/marco-paulo/


sexta-feira, 4 de março de 2016

Trumpetonionista

Se pudesse votava no Donald Trump. Pensei nesta frase antes de pensar nos motivos, que são ex post facto mas nem por isso menos importantes, pois a maior parte das pessoas que vota, vota por instinto, e como tal o meu instinto é suficiente para legitimar esse desejo. Mas vamos ensaiar razões:


1. Desejo desde há uns tempos estabelecer uma vida menos dependente do edifício institucional segundo o qual o meu trabalho tem um valor que merece ser remunerado acima da média. Este edifício é tão bom ou mau como qualquer outro e desenganem-se os que me imaginam um pessimista. Apenas sou parvo o suficiente para lembrar-me da frase do Marx: tudo o que é sólido se desfaz no ar, uma frase que porveio ao barbudo comunista Alemão enquanto cagava e subsequentemente inalava o odor que emergia impiedosamente da sanita. Este facto foi tão mais grave porque no dia anterior o Marx tinha-se embebedado que nem um proletário alcoólico sem um plano para a vida e sem o hábito de visualizar uma vida mais positiva para si que o levaria a encarar cada novo dia como uma oportunidade para começar de novo e finalmente atingir o seu potencial enquanto ser humano, o que gerou uma caganeira particularmente atroz. Marx, um literato, sabia que o cheiro significa inalar partículas em suspensão, neste caso de merda. Daí veio a brilhante conclusão que tudo o que é sólido se desfaz no ar, uma conclusão violenta, enraivecida, não pelo seu sentido metafórico de almejar um futuro melhor para as classes com futuro histórico, mas sim porque aquela peste em cima de uma ressaca estrondosa o tinha deixado de mau humor. Usando neste caso o sentido metafórico, pergunto-me que garantias temos que o consenso do pós-guerra que levou à massificação do estado social e ao crescimento da classe média continue? Até porque em Portugal esse consenso chegou ainda mais tarde e mais porcamente e há países onde nunca pôs os pés. Excluíndo estas poucas décadazitas e os poucos países onde esta coisa funcionou de facto, a história da humanidade foi uma sucessão de barbáries com equilíbrios pontuados de algum bem-estar relativo, pelo qual podemos entender períodos em que um tipo podia viver até morrer de causas naturais aos 35 anos sem que lhe cortassem a cabeça. Sem pessimismos, pergunto-me até quando irá durar esta coisa, em que se pagam milhares de Euros a meia dúzia de cérebros hipertrofiados para escrever umas coisas que ninguém lê?


2. O meu plano de sobrevivência passa por extrair o máximo de dinheiro possível do edifício insitucional, ao mesmo tempo que me preparo para um futuro apocalíptico em que, Jesus credo, vou ter que cultivar batatas e viver da terra. Até lá vou encher os armários de livros e quando puder começar a encher a cave (que ainda não tenho) com vinho (que ainda não comecei a comprar), porque cheira-me que o futuro apocalíptico vai ser aborrecido.


3. O meu plano passa também por fazer estas coisas mais perto da família, não porque tenha um desejo enorme de estar perto deles, mas sim porque sei que quando a merda atingir a ventoínha convém ter por perto pessoas que por força das convenções sociais (que seguramente não só sobreviverão como se tornarão mais fortes após o apocalipse) sentirão a obrigação de cuidar de mim.


4. Votar no Trump não é acelerar este processo, como erradamente pensarão algumas das bestas niilistas que votam nele. É pelo contrário travá-lo, porque este gajo vai provavelmente gerar um contra-movimento de fortalecimento da democracia, encetado pelos mesmos oligarcas que têm vindo a destruir a merda da democracia, mas cujo interesse pessoal irá alinhar-se momentariamente, e pelas razões erradas, com o interesse do resto da malta. Logo um voto no Trump é um voto no continuar do consenso. Qualquer um dos outros, incluindo a Hilary ou o Bernie, trariam mais provavelmente e mais aceleradamente o fim desta merda toda, ao insistirem em tapar buracos nas extremidades, sem perceber que isto está tudo perto do colapso. Sem pessimismos ou catastrofismos, o que é que vamos fazer com o aquecimento global, o crescimento da desigualdade, os refugiados, com as futuras pretensões da China a serem a única potência num mundo unipolar (quase que vomito com este cliché das relações internacionais), o cinismo em relação à democracia, a montanha de dívida pública e privada, e o fascismo no mundo islâmico? Ao lado da admiração que tenho pela ingenuidade e creatividade do ser humano, ponho o facto de que em determinados momentos da nossa bela história milhares de pessoas participaram em exercícios de repressão e nalguns casos de assassínio em massa. Estas dinâmicas são normalmente justificadas posteriormente (ou nalguns casos, contemporâneamente, como acontence agora com os filhos-da-puta do ISIS) com o contexto, mas o contexto será um consolo de merda se um dia me entrarem por casa a dentro para me matar e ao resto da minha família.  

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

o Papa zangou-se

O Papa zangou-se e disse a uma dessas parvas religiosas que é mais violenta, egoísta e bardajona que as não beatas: vai pró caralho minha puta e aprende o valor da humildade em vez de tratares isto como um concurso de celebridades, já que tanto insistes em celebrar a tua religiosidade. Pró caralho, ouviste! - Foi exactamente assim que se passou.


Parece que dois tipos esgotaram os coliseus de Lisboa e do Porto 17 vezes. Coisa pouca (pisca, pisca, estou a ser irónico). Gosto muito destes gajos, que não querem desconstruir a música ou o formato canção, nem pôr em causa o conforto burguês ao qual todos almejamos (almeja filho, almeja), ou reconstruir a música portuguesa, ou criar fusões entre o caralho grande e a cona da mãe, mas apenas fazer música de que a malta goste. Às vezes seguir o cânone é a coisa mais radical que se pode fazer, especialmente se isso lhes permite atingir a independência financeira (que ninguém se equivoque, o Marx é que tinha razão, sem a independência material tudo o resto é como o proverbial peido no vento, uma frase já agora que estou a copi-parafrasear de um livro do Kurt Vonnegut cujo título não me vem à cabeça, o que já agora me acontece com frequência) que por sua vez lhes permite fazer mais música, colaborar com mais gente (um deste bananas está a gravar um album com o Chico Buarque, assim como quem não quer a coisa. Aposto que até o trata só por Chico e lhe dá um abraço quando está várias semanas sem o ver, como se não fosse nada), dar mais concertos e trazer um pouco de alegria a este bonito e maravilhoso povo português que tem sido tão mal tratado por politicos muito piores do que aquilo que merece.


Não são caso único, estes dois paspalhos, de voluntaristas que trabalhando em Portugal estão a fazer coisas incríveis. Portugal é apesar de tudo um país desenvolvido, com alguns recursos, que alguns românticos aproveitam para se sublimar através do trabalho e do esforço. Infelizmente não se passa mais porque depois falha o lado institucional, ou formal, que em Portugal é dominado por gente mediocre, muito séria, muito respeitável, que só sabe fazer merda. Se não fosse por isso, e os recursos que existem em Portugal a este nível fossem postos ao serviço de promover a criatividade deste nosso belo povo haveria mais gente a fazer merdas interessantes. Como não é assim, restam-nos estes marmanjos desassombrados e com talento.


Actualização: esta banana fez esta merda só para mostrar que eu estava correcto na minha análise sobre a emergência de alguns focos de luz neste nosso belo país: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=812692


Actualização 2: para que não pensem que aquele primeiro parágrafo foi apenas um exercício absurdista, aqui vai o video



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Ranking

A minha palavra inglesa favorita é discombobulated (não é serendipity, isso é a que todos escolhem meus panascas). A primeira vez que a li foi num livro do Paul Auster, cujo título não me recordo. Mas se a memória me ajuda foi naquele em que um gajo tem um acidente e depois enquanto recupera escreve nuns cadernos portugueses azuis. Descobri nesse livro que existem cadernos azuis específicos de Portugal. É uma palavra redonda, que enrola a língua e expressa precisamente aquilo a que se refere: a sensação de estar desarticulado, solto nos eixos, incapaz motricialmente.


A palavra que mais me fascina na língua inglesa é yield, porque é uma palavra que não parece inglesa e tem uma série de significados totalmente desajustados. A primeira vez que a vi foi num dos álbuns dos Pearl Jam, já agora. Só uns anos mais tarde comecei a perceber o que significava. Pode significar o total de produção numa entidade económica (yield numa fábrica ou numa propriedade agrícola), pode significar ceder espaço ou poder (yield no tráfico, ou seja dar passagem alguém, ou yield à vontade de certa pessoa), mas pode também, paradoxalmente meus cabrões, sim paradoxalmente, significar o exercício do poder (ele yielded considerável poder sobre um país),  ou o manejar de um objecto, especialmente (creio eu) de forma contundente (yield uma espada ou uma faca).


A palavra mais desadequada ao seu significado é perfunctory, que a mim me sugere o acto de perfurar ou penetrar, logo, pelo menos em determinados contextos, sugere o acto de provocar dor ou desconforto, embora admita que esta interpretação seja influenciada pelo meu amor patriótico pela língua Portuguesa, onde se parece com perfurar. Em inglês significa superficial ou algo feito de forma ligeira e/ou com pouco interesse. Parece-me uma parvoíce este significado para esta palavra e quem discorda é parvo.


A palavra mais perfeita da língua inglesa, o que entenderão é diferente de ser a minha palavra preferida, pois a perfeição é sobremaneira irritante e raramente inspira devoção, senda esta última dedicada às coisas ou pessoas imperfeitas (e por isso humanas) que procuram de forma estrambelhada superar-se e acabam por, nesse processo, inspirar-nos, é facetious. Refere-se ao acto de brincar com coisas sérias, o que em Português soa horrível, pois se há coisa que soçobra em Portugal, infelizmente, e apesar do maravilhosismo deste nosso país, é a seriedade enjoada e paternalista das pessoas-de-bem. Mas em Inglês soa bem, porque os anglo-saxões, já diz o cliché, gostam de brincar com coisas sérias, especialmente consigo próprios. Logo neste contexto cultural e linguístico, ser facetious é ser anti-racional, pois trata-se não tanto de desprezar um tema sério (o que deverá sempre fazer-se, sempre que possível) mas sim o de deprezar um debate sério sobre qualquer tema importante. Os debates sérios são necessários e a única arma que temos contra a ironia e cinismo da pós-modernidade, que gera apatia e o espírito blasé previsto pelo Simmel no virar do século 19 e que nos vai matar a todos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Seja qual for a opinião que se tem sobre este assunto - bardamerda para a opinião que os outros têm sobre este assunto.

Uma das coisas mais irritantes que se escreve e se diz repetidamente é esta coisa do: independentemente do que se pensa sobre isto ou aquilo, há que reconhecer que tal e coiso. Não, caralho, aquilo que 'reconhecemos' é directamente produto daquilo que opinamos. E que tal ter os túbaros no sítio e admitir o que se pensa, em vez de tentar por subterfúgios legitimar a nossa opinião tentando apresentá-la como objectiva e neutra?

Dependendo daquilo que se pensa sobre isto ou aquilo, assim reconheceremos que ou isto ou aquilo têm valor. Assim sim!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim, assim,

As minhas obsessões são repetitivas, as minhas obsessões são repetitivas, as coisas de que gosto vejo-as/ouço-as/leio-as repetidamente. Será o paradoxo da escolha a afectar uma mente fraca, sobre-estimulada, sobre-estimulada, cansada, isolada, melancólica como a minha: tanta coisa para fazer, reduz o que faço. Só quero fazer umas poucas coisas para não ter que pensar em tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, o que poderia fazer, ouvir, ver, ler e por isso faço apenas o que faço muitas vezes.

Canso-me, não de trabalhar muito, que não sou estúpido para me deixar levar por essas manias; canso-me de estar sempre alerta e desiludido, a viver abaixo do que poderia se tivesse outra cabeça/corpo/vida.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Orgulho do caralho

Há poucas coisas das quais me orgulho verdadeiramente, coisas que mesmo quando me sinto uma merda (o que recentemente tem sido recorrente) continuam a dar-me um calorzinho na pila. Uma delas é o nome deste blogue de merda e outra são algumas das fotos que escolho para pôr aqui. Não fui eu quem as tirou mas fui quem as seleccionou, entre os milhares de fotos que existem na puta da internet, com um interesse especial pelas que habitam no site da magnum.

Orgulho-me também das coisas que me fazem sentir uma merda. Orgulho-me de ter desamparado a loja há uns anos e ter ido por esse mundo fora a fazer merdas inconsequentes sem interesse nenhum, mas que ainda assim me permitiram andar para trás e para a frente. A chatice é que chego agora a um ponto na minha vida em que tudo isto me parece uma parvoíce do caralho e as fotos dos meus amigos a beber cerveja no bar de sempre, com os gordos e as feias de sempre, e o barman de sempre e o mete discos de sempre deixam-me todo arrebentado emocionalmente, desejando trocar todas as viagens, estadias, experiências, amizades, artigos científicos, gajas (poucas infelizmente), cervejas e comidas em sítios especiais pela possibilidade de voltar a viver na terra pequena e estapafúrdia de onde saí. Se tivesse que voltar fartava-me em 2 segundos, mas ainda assim trocava tudo por poder ter uma vida simples, parva, repetitiva e aborrecida, perto dos meus pais e família.