quarta-feira, 30 de março de 2016

Jay Z

Gostava de saber rappar mas não me sai. Deve ter a ver com um processo cognitivo qualquer que desconheço, e que tão pouco pesquisei, que me permite sentir-me confortável a escrever rápido quase em stream of conscience mas impede-me de ser capaz de pôr palavras umas atrás das outras num contexto de improvisação oral. É verdade que as velocidades são diferentes, o que poderá explicar a discrepância, mas acho que não é bem isso. Quando leio as letras de rappers conhecidos, com excepção para alguém como a Capicua, uma intelectual que claramente trabalha as letras do ponto de vista da palavra escrita e não da palavra oral (acho eu, também não pesquisei este ponto), aquilo não segue um pensamento linear. Ou seja, para rappar bem há que estar disposto a quebrar regras formais de linguagem em troco de obter um fluxo melódico e encadeado de palavras, que façam sentido mas não necessariamente da mesma forma que faz sentido aquilo que se escreve. Deve ser por isto, o meu pensamento é demasiado formal e sistemático para permitir a liberdade de expressão necessária para improvisar em rap.