sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Um brother Mouzone para nos proteger da Troika

Um brother Mouzone para nos proteger da Troika

Nota: os labregos empertigados que puseram o vídeo do brother mouzone a disparar contra o cheese no youtube não permitem que o dito cujo seja incorporado aqui. Logo terão que seguir o link.

Segunda nota: o Paul Krugman corrobora o que eu disse hoje na sua crónicazinha no pasquim do costume. Se lerem o texto de trás para a frente e de cima para baixo poderão descodificar claramente a referência que ele faz a este blog.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Barulho

Há demasiado ruído em torno disto da Grécia. Mantenho a minha posição: 1º as coisas correram bem ao governo Syriza; 2º tudo vai depender da execução de um programa de austeridade assente na eficiência do estado, combate à evasão fiscal, correcção de excessos no sector público e alívio para a maioria dos cidadãos; 3º daqui a um ano, dependendo do que acontecer na Grécia e no resto da periferia europeia, será então possível tirar conclusões. Fiquemos por aqui, por agora.

Passam-se neste momento coisas de extrema gravidade (ou de gravidade extrema, dependendo de a escrita estar inquinada por anglicismos ou não, caralho!) neste mundo, que exigem a minha atenção.

1º, o Bruno de Carvalho é uma excelente pessoa. É claro um bocado parolo, labrego até, mais daí advém a sua espetacularidade. O Sporting precisava de um mudança abrupta e furiosa, para evitar a falência que estava logo ali ao virar da esquina. Tendo em conta a tendência  anterior para ter à frente do clube pessoas de bem medíocres (perdoem-me a redundância), era preciso isto mesmo, um tipo meio tonto que deixe as pessoas azamboadas com tanto movimento inconsequente. Daqui a uns anos ele evoluirá seguramente para um estatista da bola. Veja-se o presidente do Benfica, cujo nome agora não me lembro, mas parece-me que rima com 'labrego mal cheiroso', e confirme-se que se este animal conseguiu atingir a posição de respeitabilidade que correntemente ocupa, o Bruno de Carvalho, com um bocadinho mais de experiência e acumulando o gravitas que daí decorre, será dentro de pouco como um buda dourado que as velhas beatas do Campo Grande vão querer beijar dia e noite para dar sorte.

2º o filme Boyhood, que ainda não vi, parece ser interessante. Mas por outro lado, tenho dúvidas. Por outro lado, ainda mais ao lado, descobri isto. Ainda não assinei, por razões que vou clarificar dentro em pouco, quando tiver tempo para concluir aquele post épico que ando a preparar desde há vários anos, e que vai provocar pelo menos três orgamos a quem o ler. Mas vou continuar a pensar que gostava muito de me juntar a este serviço, embora duvide que o vá fazer.

3º o facebook é uma fonte de alegrias apenas comparável ao regozijo de me encontrar com o criador cada domingo na missa da manhã.

4º continuo a achar que aquela conversa dos portugueses isto e aquilo e que não prestam para nada e o caralho que os foda a todos, é muito cocó.

5º o Passos Coelho e sua ministra das finanças juntamente com o Mariano Rajoy são seguramente e para todo o sempre os maiores filhos da puta a pisar a terra deste lado dos pirinéus. Se quiserem uma análise técnica que sustente esta minha afirmação terão que esperar.

6º gosto de beijinhos, abraços e carícias.

7º se alguém tiver sugestões sobre como posso melhorar a minha gramática, sintaxe e qualidade geral da escrita, sem ter que estudar qualquer uma destas coisas, nem passar mais tempo a rever os textos, nem trabalhar muito, diga-me por favor.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Isto cheira bem amigos

Houve um cheiro a triunfalismo no ar, entre os paizinhos austeros, depois do acordo com a Grécia na sexta-feira. A narrativa é que tinham ido todos para casa contemplar os bustos do Adam Smith que adornam as suas secretárias e beber brandy enquanto se congratulavam com o enrabamento colectivo ao povo grego. Muitos jornalistas, como os perritos do pavlov, limitaram-se a debitar cá para fora que assim tinha sido. Só que desde o início se ouviram uns gemidos que indicaram que isto não era bem assim. Especialmente a oposição de Portugal e de Espanha, que deu logo a entender que as coisas correram melhor à Grécia do que parecia. Que melhor indicador pode haver, que ter os maiores filhos-da-puta do continente europeu a opor-se a um acordo?

O que eu disse aqui há uns posts atrás foi que qualquer mudança boa teria que ocorrer devagar e na continuidade, caso contrário a Grécia tornar-se-ia na Venezuela da Europa. O Syriza tinha portanto que evitar o voluntarismo estapafúrdio dos que estão à sua esquerda (voluntarismo expresso por mim no post anterior, provando uma vez mais que os gregos tomaram a decisão correcta ao não me nomear para ministro das finanças) e a humilhação desejada pelos paizinhos austeros. Era um carreirinho apertado, que eles conseguiram navegar. Este artigo, de um insider que ao mesmo tempo é um outsider, diz isto mesmo. O Syriza conseguiu evitar um aprofundamento da austeridade, que seria necessário para cumprir o tal alvo dos 4.5% de superavit nas contas primárias. Conseguiram travar as privatizações sanguessugas que estavam planeadas. E conseguiram tempo para apresentar um documento que ofereça alternativas. Isto era o que as pessoas sérias (como eu) queriam. O contexto moveu-se um milímetro na direcção correcta e daqui para diante, se os gregos persistirem e forem acompanhados por mudanças positivas em Espanha e Portugal, terão sido eles a iniciar o processo que nos devolveu um bocadinho de dignidade.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O que esperavam?

Vejam-me bem estar merda (tirada da fonte do costume):


Agora digam-me lá se perante isto é aceitável que o governo grego, se tiver um pouco de amor próprio, possa aceitar a continuação do mesmo? Bardamerda com a Zona Euro! Enquanto houver praia, azeite e feta os gregos hão-de sobreviver. Poderá ser pior do que o actual, só que como (deveriam) dizer os liberaris clássicos, há princípios fundamentais, como o livre-arbítrio, que suplantam tudo o resto. A democracia é uma forma imperfeitíssima de livre-arbítrio, mas é alguma coisa!

Let it go, bitches!

A Grécia vai sair do Euro? Talvez, embora isto possa ser tudo uma encenação. Se sair os gregos vão sofrer? Claro que sim, mas será que vão sofrer mais que agora? Isso já ninguém sabe meus amigos. A malta bem pode esmagar-nos com a econometria e os modelos matemáticos e o caralho que os parta a todos, mas o futuro tem esta tendência intrínseca para não ter acontecido ainda.

Os principais problemas da Grécia, tanto quanto sei, seriam três: a dívida detida por estrangeiros continuaria a estar em Euros. Com a introdução do Varoufakma, a nova moeda Grega, que seguramente perderia valor rapidamente, a dívida tornar-se-ia mais insustentável ainda. Mas aqui nada de novo, tendo em conta que a dívida actual é também ela impagável. Mais, isto aconteceria numa situação de bancarrota, dando ao governo grego opções reais para renegociar a bastarda da dívida. O segundo problema é que durante muitos anos os governos gregos teriam dificuldades em obter empréstimos. Mais uma vez há aqui pouca diferença com a situação actual. O terceiro e mais grave seria a falência dos bancos gregos e os problemas que resultariam daí. Há formas de lidar com isso mas o processo será sempre difícil. Há obviamente outros problemas para além do que aconteceria dentro da Grécia, nomeadamente o contágio para o resto da zona Euro, potencial falências de bancos alemães ou franceses, etc. Mas por que razão deveria a grécia preocupar-se com os que ficam? Além do mais, se os gregos saírem a Alemanha quase de certeza que nos vem dar um rebuçado, para mostrar aos gregos o que perderam. O governo português vai sorrir a toda a escala, deixando os dentes podres à mostra, contente na sua própria servilidade. Isso servirá para travar o risco desse tal de contágio de que falam.

Por outro lado, a economia grega está, em termos técnicos, fodida e o pouco que resta beneficiaria de um Varoufakma depreciado. Já estou a ver as alemãs e os alemães a reservar furiosamente pacotes de Urlaub nas ilhas gregas, em busca de homens viris como o Varoufakis, que lhes possam encher o buraco que têm nas suas vidas aborrecidas e regradas.

Tudo isto meus amigos é uma brincadeira do caralho. De um lado os patriarcas austeros, arrogantes e acomodados, sustentados pelas oligarquias do costume. Do outro meia dúzia de hippies. No fim nem cairá o carmo nem a trindade. As merdas ou continuam como estão mais uns anos, ou continuam de forma ligeiramente diferente. Nós, compósitos carbónicos que somos, continuaremos a comer, beber e foder (com sorte), no fim morreremos e apenas nalguns raros casos deixaremos algo para trás que valha a pena recordar. Logo, que caia a Grécia e o que for será!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Eu explico

Estais todos ensimesmados, perguntando-vos quem tem razão na máscula e titânica disputa entre o novo governo grego e o velho governo alemão. Não vos preocupeis mais que eu resolvo isto de uma assentada: o governo grego claro.

Esta merda desta crise de merda tem várias dimensões, das quais admito que só percebo de algumas. A primeira e mais importante (embora ao mesmo tempo a menos importante como explicarei em seguida) é o debate macroeconómico. Em situação de crise generalizada, causada por um excesso de endividamento e quando as taxas de juro não podem baixar mais, é necessária austeridade ou estímulo económico? Direcciono-vos para o Krugman, que sabe mais disto do que eu e que tem razão. Os que previam a austeridade expansionista e o aumento da inflação devido às injecções de capital dos bancos centrais falharam nas previsões. Agora dizem, especialmente na Europa, que o problema foi que não se foi longe o suficiente. Já tratei deste argumento ao qual não me apetece voltar. Por outro lado os que disseram que era preciso estímulo e que uma injecção estapafúrdia de dinheiro acabado de imprimir na economia não ia causar inflacção tinham razão. Para mim isto está resolvido. Só falta mesmo que as pessoas que verdadeiramente interessam aceitem este facto.

Depois há a questão política, especialmente no que diz respeito à atribuição de responsabilidades*. Até hoje foi possível impor esta austeridade fornicadora à malta através do uso de uma generalização que nunca fez sentido: andámos a consumir acima das nossas possibilidades, logo agora temos que sofrer. Bardamerda! Não andámos, andaram, e digo isto sem querer entrar naquela coisa tonta de me referir aos políticos e aos poderosos como 'eles' e sugerir que são todos iguais. Mas a verdade é que o endividamento público em Portugal não foi feito para fortalecer o estado social mas sim para construir auto-estradas, financiar a Parque Escolar, enriquecer a EDP e a GALP e fazer merdas megalómanas como o Euro 2004 e o Magalhães. Terão, é verdade, o homem e mulher comuns beneficiado um poucochinho e temporariamente com os empregos que isto criou, mas perderam muito mais com a conta que veio a seguir. Acima de tudo quem ganhou foram o Jorge Coelho, o Ferreira do Amaral e outras bestas afins, incluindo o nosso PM Passos Coelho, que embora noutras andanças também andou a enriquecer à nossa pala, por exemplo a treinar especialistas para trabalhar em aeroportos que não existiam. Além disso, lembram-se de quando a mãezinha Ferreira Leite andava a falar da situação explosiva da dívida pública e o Passos Coelho lhe minava o caminho, organizando jantares de apoio a ele mesmo e vindo a público elogiar o Sócrates e defender o TGV? O PM tem culpas, ainda que indirectas, no estado a que isto chegou e governa violentamente e furiosamente contra todos nós porque sabe disto, os alemães sabem disto, e os tipos do FMI sabem disto. Ora o mesmo não se aplica aos tipos do Syriza. Eles não estavam a mamar nos tempos do esbanjamento (que obviamente aconteceu e tinha que ser corrigido) e representam os muitos milhões de gregos que igualmente pouco comeram. Poder-se-á fazer muito dos subsídios especiais dos funcionários públicos ou dos pensionistas, mas na grécia como aqui, esses exageros e disfunções fazem parte de um sistema corrompido a partir de cima e para os de cima. É normal que no meio da corrupção geral um grego normal se aproveite do que pode. Os gajos do Syriza não têm nada a perder e pouco a ganhar com o acomodar das exigências irrazoáveis do centro. Espero que continuem até onde for preciso, para que os gregos possam ao menos ter um pouco de dignidade na pobreza que lhes foi imposta e que continuará por muitos anos, com ou sem Euro e a UE.

Finalmente há a dimensão mais filha-da-puta no meio disto tudo, aquela que não deveria importar de todo mas que é na verdade a mais importante: a atribuição de um carácter moral à dívida. Subjacente às más ideias económicas com que nos fustigam regularmente o PM, a Merkel e o resto da cambada, está a ideia de que a dívida é uma questão moral e que não pagá-la seria uma vergonha individual e colectiva. Mais uma vez, a ver se me faço entender: bardamerda! A contracção de dívida é um contrato em que um lado pede dinheiro emprestado para investir numa coisa, esperando que esse investmento tenha retorno (económico ou outro), e o outro lado empresta esperando obter lucro. Ambos os lados assumem uma certa dose de risco, que cresce à medida que crescem os valores. Se é verdade que os governos grego e português andaram a fazer merda, pedindo dinheiro emprestado para fazer maus investimentos sem retorno, também é verdade que os bancos tinham a obrigação de monitorizar a capacidade de esses mesmos governos lhes pagarem de volta.Correu mal, só que os bancos andam a tentar escapar-se como se não soubessem de nada. Isto meus amigos é uma questão prática, que deveria ter sido tratada de forma prática, sem invocar a merda da culpa cristã que nos faz aguentar indignidades que ainda por cima não funcionam. Em vez disso temos uma mistura de piedade católica com um discurso tecnocrático violentamente aborrecido. Se o Syriza for capaz de arrebentar com isto e dizer: se querem moralidade, pensem na moral de forçar milhões de pessoas à pobreza para pagar dívidas impagáveis - então já terá vencido.





*Essa treta de justificar o direito do governo grego de implementar o seu programa com base na legitimidade democrática é isso mesmo, uma treta. Não porque a dita cuja legitimidade não interesse, mas sim porque todas as relações humanas são aconchegadas por assimetrias de poder que nunca se resolvem. Com ou sem UE, FMI, ou outra merda qualquer, qualquer país terá sempre que lidar com pressões, desistências, compromissos e etc.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Que varoufazes aqui?

Desculpem o trocadilho. É segunda-feira, primeiro dia de trabalho depois de começar uma dieta rígida este fim-de-semana por razões que não interessam nem ao menino jesus. O problema nem é cortar na carne, ou no pão, ou nas azeitonas, ou nos queijos cremosos; o problema mesmo é a falta de álcool. Enquanto que os fraquinhos queixam-se à segunda que ainda têm o cérebro azamboado das bebedeiras do fim-de-semana, eu queixo-me da lucidez induzida pela sobriedade extrema a que me decidi submeter. Mas que se foda, é por uma boa causa.

Bom, seja como for o que importa é isto: Yanis Varoufakis. Este gajo bloga ao mesmo tempo que tenta salvar a Europa da decadência a que nos condenaram os patriarcas austeros.