quarta-feira, 30 de março de 2016

Jay Z

Gostava de saber rappar mas não me sai. Deve ter a ver com um processo cognitivo qualquer que desconheço, e que tão pouco pesquisei, que me permite sentir-me confortável a escrever rápido quase em stream of conscience mas impede-me de ser capaz de pôr palavras umas atrás das outras num contexto de improvisação oral. É verdade que as velocidades são diferentes, o que poderá explicar a discrepância, mas acho que não é bem isso. Quando leio as letras de rappers conhecidos, com excepção para alguém como a Capicua, uma intelectual que claramente trabalha as letras do ponto de vista da palavra escrita e não da palavra oral (acho eu, também não pesquisei este ponto), aquilo não segue um pensamento linear. Ou seja, para rappar bem há que estar disposto a quebrar regras formais de linguagem em troco de obter um fluxo melódico e encadeado de palavras, que façam sentido mas não necessariamente da mesma forma que faz sentido aquilo que se escreve. Deve ser por isto, o meu pensamento é demasiado formal e sistemático para permitir a liberdade de expressão necessária para improvisar em rap.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Merriam-Webster

Pearl necklace: the glorious culmination of tit-fucking, in which you blow your nuts out all over a girl's tits, shoulders, neck, and, with any luck, chin. one of the highest expressions of love and affection bestowable upon a woman by a man.

Example:

Dashing Gent: Hey, I bet you'd look good in a "pearl necklace."

Big-Titted Dreamboat: Why, yes, I supposed you're right. Why don't you come on over to my place and baste my torpedo tits and elegant neck with your steaming hot man goo?

sexta-feira, 11 de março de 2016

Pontos essenciais para a sobrevivência numa sociedade globalizada, reflexiva, cosmopolita e com tendência para a repressão da flatulência

1. "Justice is the first virtue of social institutions, as truth is of systems of thought."

2. Gosto muito do Gonçalo M. Tavares (o M. não significa Marques, eu não sou o Gonçalo M. Tavares) e estou a gostar muito de ler o livro dele "Uma Viagem à Índia". Quando penso no Gonçalo M. Tavares (eu nunca falo de livros com outras pessoas, mas penso muito sobre livros e autores) engano-me sempre no nome dele e imagino que se chama Rodrigo ou outra coisa qualquer, o que me deixa envergonhado, ainda que seja apenas um diálogo interno.

3. Bill Burr, excepto quando é sexist (corrijo: misógino).

4. Post Pop Depression.

5. Vídeos no Youtube de bullies a levar nos cornos, embora em alguns dos vídeos seja difícil perceber quem é exactamente o bully.

6. Imagens de praias, montanhas, planícies, esplanadas, hortas, banhadas pelo sol (sim é um cliché dizer banhado pelo sol, e depois caralho?).

7. Stephen Colbert, sempre.

8. Boa tarde:

segunda-feira, 7 de março de 2016

A minha espetacularidade

A revistitazita The Economist escreveu um artigozito a argumentar algo semelhante ao que eu argumentei em baixo. É para que vejam como sou espetacular!

"Mrs Clinton has the opportunity to put together a coalition of anti-Trump voters broader than the one that carried Barack Obama to victory in 2008 and 2012 (...) a President Hillary Clinton might argue for the virtues of democratic compromise, and not claim that she can magically give her core voters everything they want all of the time. If she were able to pursue a different kind of politics, one that seeks to deal with some Republican concerns as well as Democratic ones, she might just hold the new consensus together for longer, reshaping the parties, making the country more governable and burying Mr Trump’s offer of an America turned against itself. This is the distant promise that 2016 holds. As the battle lines are drawn, try to bear it in mind."

O Marco Paulo é uma pessoa fascinante, um herói português, um homem que fez o que muito poucos fizeram em Portugal. Leiam e aprendam: http://www.noticiasmagazine.pt/2016/marco-paulo/


sexta-feira, 4 de março de 2016

Trumpetonionista

Se pudesse votava no Donald Trump. Pensei nesta frase antes de pensar nos motivos, que são ex post facto mas nem por isso menos importantes, pois a maior parte das pessoas que vota, vota por instinto, e como tal o meu instinto é suficiente para legitimar esse desejo. Mas vamos ensaiar razões:


1. Desejo desde há uns tempos estabelecer uma vida menos dependente do edifício institucional segundo o qual o meu trabalho tem um valor que merece ser remunerado acima da média. Este edifício é tão bom ou mau como qualquer outro e desenganem-se os que me imaginam um pessimista. Apenas sou parvo o suficiente para lembrar-me da frase do Marx: tudo o que é sólido se desfaz no ar, uma frase que porveio ao barbudo comunista Alemão enquanto cagava e subsequentemente inalava o odor que emergia impiedosamente da sanita. Este facto foi tão mais grave porque no dia anterior o Marx tinha-se embebedado que nem um proletário alcoólico sem um plano para a vida e sem o hábito de visualizar uma vida mais positiva para si que o levaria a encarar cada novo dia como uma oportunidade para começar de novo e finalmente atingir o seu potencial enquanto ser humano, o que gerou uma caganeira particularmente atroz. Marx, um literato, sabia que o cheiro significa inalar partículas em suspensão, neste caso de merda. Daí veio a brilhante conclusão que tudo o que é sólido se desfaz no ar, uma conclusão violenta, enraivecida, não pelo seu sentido metafórico de almejar um futuro melhor para as classes com futuro histórico, mas sim porque aquela peste em cima de uma ressaca estrondosa o tinha deixado de mau humor. Usando neste caso o sentido metafórico, pergunto-me que garantias temos que o consenso do pós-guerra que levou à massificação do estado social e ao crescimento da classe média continue? Até porque em Portugal esse consenso chegou ainda mais tarde e mais porcamente e há países onde nunca pôs os pés. Excluíndo estas poucas décadazitas e os poucos países onde esta coisa funcionou de facto, a história da humanidade foi uma sucessão de barbáries com equilíbrios pontuados de algum bem-estar relativo, pelo qual podemos entender períodos em que um tipo podia viver até morrer de causas naturais aos 35 anos sem que lhe cortassem a cabeça. Sem pessimismos, pergunto-me até quando irá durar esta coisa, em que se pagam milhares de Euros a meia dúzia de cérebros hipertrofiados para escrever umas coisas que ninguém lê?


2. O meu plano de sobrevivência passa por extrair o máximo de dinheiro possível do edifício insitucional, ao mesmo tempo que me preparo para um futuro apocalíptico em que, Jesus credo, vou ter que cultivar batatas e viver da terra. Até lá vou encher os armários de livros e quando puder começar a encher a cave (que ainda não tenho) com vinho (que ainda não comecei a comprar), porque cheira-me que o futuro apocalíptico vai ser aborrecido.


3. O meu plano passa também por fazer estas coisas mais perto da família, não porque tenha um desejo enorme de estar perto deles, mas sim porque sei que quando a merda atingir a ventoínha convém ter por perto pessoas que por força das convenções sociais (que seguramente não só sobreviverão como se tornarão mais fortes após o apocalipse) sentirão a obrigação de cuidar de mim.


4. Votar no Trump não é acelerar este processo, como erradamente pensarão algumas das bestas niilistas que votam nele. É pelo contrário travá-lo, porque este gajo vai provavelmente gerar um contra-movimento de fortalecimento da democracia, encetado pelos mesmos oligarcas que têm vindo a destruir a merda da democracia, mas cujo interesse pessoal irá alinhar-se momentariamente, e pelas razões erradas, com o interesse do resto da malta. Logo um voto no Trump é um voto no continuar do consenso. Qualquer um dos outros, incluindo a Hilary ou o Bernie, trariam mais provavelmente e mais aceleradamente o fim desta merda toda, ao insistirem em tapar buracos nas extremidades, sem perceber que isto está tudo perto do colapso. Sem pessimismos ou catastrofismos, o que é que vamos fazer com o aquecimento global, o crescimento da desigualdade, os refugiados, com as futuras pretensões da China a serem a única potência num mundo unipolar (quase que vomito com este cliché das relações internacionais), o cinismo em relação à democracia, a montanha de dívida pública e privada, e o fascismo no mundo islâmico? Ao lado da admiração que tenho pela ingenuidade e creatividade do ser humano, ponho o facto de que em determinados momentos da nossa bela história milhares de pessoas participaram em exercícios de repressão e nalguns casos de assassínio em massa. Estas dinâmicas são normalmente justificadas posteriormente (ou nalguns casos, contemporâneamente, como acontence agora com os filhos-da-puta do ISIS) com o contexto, mas o contexto será um consolo de merda se um dia me entrarem por casa a dentro para me matar e ao resto da minha família.