quinta-feira, 16 de julho de 2015

Os gregos

Há tanto para dizer sobre o que se passou neste fim-de-semana passado, só que estou cansado... O que eu penso continua a ser dito muito melhor do que eu poderia dizer no blog do Krugman, nos artigos de opinião do Social Europe, no abrupto, ou até no The Guardian. Que s'a foda o resto. Aos Gregos pouco resta para além de esperar que finalmente lhes permitam a misericórdia de sair do Euro. Não sei que caralho pensam as pessoas que mandam, não sei quanto tempo mais pensam que isto pode continuar, ou que jogo estão a considerar. Bardamerda para todos eles.

A política não serve para representar a vontade do povo porque a vontade do povo não existe. Existe um aglomerado de desejos, medos, fúrias, vontades, tendências e teimosias que todas juntas constituem also a que pode chamar de opinião pública, mas apenas se no momento seguinte negarmos imediatamente que isso existe. Apenas têm força anímica os objectos animais como os indivíduos e não os objectos abstractos como o povo, a nação ou os cidadãos. Ainda que aquilo que se passa na cabeça de cada indivíduo dependa da sua interacção com a sociedade, a vontade nunca existirá fora dessas mesmas cabeças e é como tal absolutamente individual.

Tudo isto para dizer que não podendo representar algo abstracto como a vontade do povo, a política poderá ainda assim preocupar-se em construir instituições, organizações, incentivos e outras merdas afins que procurem, dentro do possível, fazer com que a vida das pessoas seja menos merdosa e até se possível agradável a espaços. Esta merda que nos estão a fazer não tem nada a ver com isto. Enganem-se os que pensam que isto são os alemães contra os gregos, ou os nórdicos contra os do sul. Isto é uma puta de uma guerra de uns poucos contra uns muitos. Eu sei que isto parece muito marxista, muito estrutural, muito materialista e muitas outras coisas sobre as quais até fica mal pensar. Mas é mesmo assim meus amigos. O apoio popular que em parte sustenta estes filhos-da-puta radicais de direita que mandam em todos nós, assenta no príncípio muito inteligentemente inculcado nas pessoas de que não faz mal nenhum desprezar os que têm menos, porque isso a mim não me afecta, eu que sou tão especial e tão de classe média. É até um dia, meus caros amigos, quando chegar a nossa vez.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Outros futuros

"I have tried to remain alert to the fact that the people, events and forces described in this book carried in them the seeds of other, perhaps less terrible, futures."

terça-feira, 7 de julho de 2015

Nadinha

Eu não percebo nada de futebol, embora seja claro para mim que apesar disso percebo mais de futebol do que muita gente que diz adorar futebol, tudo devido ao facto de que quando eu vejo futebol estou de facto a tentar apreciar a coisa, em vez de buscar provas irrefutáveis que corroborem a minha teoria da conspiração sobre o facto de que a liga está comprada e toda a gente o sabe e quem nega é porque faz parte do esquema.

É também claro para mim que gosto de futebol porque vivo no Reino Unido, país onde o futebol é discutido de forma diferente e mais interessante. Uma das coisas mais lindas deste mundo é o rumour mill do The Guardian of Manchester (este nome é mesmo só para os entendidos ;) ). Ora vejam lá esta pérola, tirada daqui:

"The Mill has never paid much attention to Ángel Di María’s tattoos and nor, presumably has Louis van Gaal. And that might just be where we’re both going wrong. Because suspicions have been aroused this morning that there is more to the Argentinian’s inkwork than meets the eye, which is just as well because all that meets the eye is a collection of stars, numbers and smudges that look awfully like nearly everyone else’s tattoos. But here’s the thing: when Di María is placed under a special infra-red light, his body art actually contains coded clues to the location of an unimaginably vast treasure stash that hunters have been seeking for centuries.

That, at any rate, is what the Mill has deduced from reports that Bayern Munich have grown so desperate to get their clutches on Di María that, in return, they are willing to offer Manchester United a large sum of cash, Arjen Robben and Thomas Müller! And some reports go so far as to claim that the German club may even throw Bastian Schweinsteiger into the deal, too! Heck, if United stand their ground they may even be able to get Bayern to add Manuel Neuer, Pep Guardiola, a fleet of BMWs and the Hofbräuhaus."

PS. De vez em quando leio coisas que escrevi mais atrás e vejo que dou muitos erros ortográficos. Peço imensa desculpa pelo sucedido. Em parte é porque a puta da tecnologia do auto-correct assume que estou a escrever em Inglês e de vez em quando muda-me as palavras automaticamente. Se alguém souber como posso desligar isto agradeço que me informem. Em outra parte é porque estou a escrever à pressa porque tenho que voltar ao trabalho minhas bestas, logo parem de se queixar caralho. Seja como for peço imensa desculpa pelo sucedido, que jamais seria tolerado por pessoas excepcionais como o Pedro Mexia ou o Pacheco Pereira, duas pessoas de direita com as quais no momento actual me identifico, embora não ideologicamente, que isso fique bem claro.

PS2. Não comentei sobre o belo acontecimento político do passado Domingo porque o que tinha a dizer já o disse nas últimas semanas. O mais importante sobre tudo isto escrevi bem antes, aqui, e volto a reproduzi-lo: a contribuição mais importante que o Syriza nos poderá dar dependerá de resultados que só se verão daqui a uns anos. Todos os totós que tentam medir o sucesso ou o fracasso deste processo com base em coisas que se passam em meia dúzia de horas estão enganados e deveriam dar um tiro na cabeça o mais rápido possível, se faz favor e obrigado.


JPP

Não sei nem quero saber porque razão o JPP decidiu ser o que tem sido nos últimos anos, mas tem tido a opinião publicada mais importante em Portugal desde o início deste marasmo. Digo isto sem ironia, a doença do pós-modernismo segundo o DFW, que jamais me passaria pela cabeça utilizar, como obviamente saberão. Entre a esquerda que finge que bastava dar porrada nos banqueiros para resolver a crise, a esquerda frouxita do PS que apresenta como alternativa a austeridade sim senhor, mas com incentivos ao investimento (estúpidos do caralho, pensam que somos parvos?) e a direita filha-da-puta que nos tem governando, JPP foi dos poucos que criticou desde o início as opções da maioria, que sempre evitou entrar pelos debates tecnocráticos irrelevantes e que sempre colocou tudo isto no plano politico, que é onde tinha que estar: o governo foi muito forte com os mais fracos e muito fraco com os mais fortes. Está tudo dito aqui, só que isto é uma frasesinha sem respeitinho, ainda por cima em Português, caralho, não conseguiu o JPP pôr ali no meio a palavra networking ou global (atenção, não é global em Português, é global em Inglês), ou leverage! É mesmo old fashioned  este JPP (já agora, só as pessoas old fashioned é que usam a expressão old school). Agora publicou ali no Abrupto um vídeo (que não vi) e um texto (que li) sobre a situação na Grécia e está lá tudo. Ainda por cima um texto com referências históricas, my god, que coisa mais out of this world.

Dá-lhes Pacheco!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

MLK

 
Martin Luther King, a discursar no dia antes de ser assassinado. Vale a pena ler isto, para perceberem que nunca pisou esta terra uma pessoa melhor do que esta.
 
 
 

Conas e caralhos

Estou a tentar construir uma carreira trabalhando no máximo umas 4 horas por dia e passando o resto do tempo a laurear a pevide pela internet. Até agora está a correr bem, o que não surpreende, pois tirando meia dúzia de pessoas que trabalham a produzir comida, a construir casas, ou a curar pessoas, tudo o resto que se faz neste mundo é absolutamente desnecessário. Se eu trabalhasse as 8 horas que é suposto trabalhar diariamente o único resultado seria produzir mais merdas sem interesse que ninguém vai ler. Se trabalhasse 12 horas por dia o resultado seria ainda mais acentuado, com o agravamente de que eu estaria sempre cansado e não teria tempo para as poucas merdas que valem a pena. Merda, caralho, puta, foda-se, que o dia de hoje está a ser uma merda e ainda agora começou, embora obviamente o facto de ainda há pouco ter começado não significa que continue a piorar. Poderá obviamente melhorar e pode até acontecer quer termine com um orgasmo glorioso, digno de louvas ao senhor e peregrinações a Fátima. Mas também pode ser que não...