sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Orçamentes!

Este orçamento, no seguimento dos anteriores, acaricia-me as partes de baixo. Passo a explicar.

Já lá vão uns quantos anos de austeridade, liderados em parte, diligentemente e austeramente, pelo Pedro PC, que mais do que um amigo, um conselheiro ou um mentor é um grande ladrão. Peço desde já desculpa pela linguagem rude: talvez resulte de eu ter emprego e um salário decentes, o que me permite evitar o emasculamento total. Nestes supinos anos de austeridade tudo o que era necessário fazer não se fez, tendo-se feito apenas aquilo que foi obrigatório fazer. Por exemplo, caíram os bancos de regime, mas apenas porque alguém se lembrou de abrir as folhas de Excel que os CEOs e os COOs e os CFOs produzem todos os anos, tendo-se apercebido que faltava lá dinheiro! Assombrados pelo facto de que afinal as forças de mercado não foram suficientes para convencer os bandidos à frente dos bancos de que era melhor serem honestos, os supervisores mandaram um email aos PMs (a este e ao anterior). Estes por sua vez acharam que era interessante aproveitar esta ocasião para pôr à frente dos bancos amigos da política, numa tentativa mal compreendida de incentivar um movimento nacional em direcção à democracia radical directa. Por outro lado, as restantes empresas do regime em vez de serem partidas aos bocados, vendidas a retalho e forçadas a competir com outras organizações, foram renacionalizadas, só que desta vez pela China e por Angola. Em relação aos primeiros até acho bem, porque antecipa por uns anos o momento em que a China vai tomar conta disto tudo e com sorte faz-nos cair nas boas graças dos tipos. Quando eles vierem por aí para nos invadir poderemos dizer: parem, isto já é tudo vosso, arroz chao-chao, xiexie.

Leva-me isto à conclusão de que aquilo que aconteceu nos últimos anos em Portugal, desde a austeridade que levou ao aumento da dívida, às privatizações com renacionalizações, aos disparates do Crato, ao desprezo com que o PP Coelho e outros compadres de governo falam de Portugal, ao fato de que o Jorge Coelho existe, obedeceu não a um projeto neoliberal de subjugação das massas, nem a um projeto reacionário de vingança pelos assomos de lirismo mal direcionados do 25 de Abril, mas sim a um grande vão-se foder. É isso mesmo. Eles não sabem o que andam a fazer, mas vão continuar a fazê-lo e quando questionados dirão, ainda que por palavras mansas e tecnocráticas: vão-se foder! O Paulo Portas bem pode rabujar de vez em quando e pedir ao PPC que lhe dê algo de que falar na próxima campanha, mas calculo que a resposta não varie muito daquela que todos nós temos recebido nos últimos anos, incluindo do próprio Paulo Portas. Ora quando me fodem normalmente gosto que me afaguem os tomates, o que explica o primeiro parágrafo.