segunda-feira, 16 de março de 2015

Pós-modernismo

Tudo me leva a crer que o mundo em geral é um sítio bastante aprazível e que os seres humanos em particular são a melhor consequência aleatória da evolução, apenas secundados pelo momento em que a roda se deixou inventar por um bípede homo sapiens sapiens, sendo estes dois apenas terciados pelo momento em que se inventou, como produto da aprendizagem colectiva e do esforço individual, a sanita. Os seres humanos são especialmente mais interessantes e bondosos que os restantes animais que habitam o nosso prazenteiro planeta. Imagine-se que havia por exemplo 6 mil milhões (quase 7) de leões, ou cães, ou cabras montanhesas na terra, cruze-se essa especulação com a informação de que os animais irracionais raramente coexistem em grupos grandes, especialmente se houver mais que duas pichas ao barulho e chegue-se à conclusão que o bailado majéstico protagonizado diariamente por latagões pelo mundo fora nos seus vários movimento pendulares, especialmente em ambientes urbanos onde todos os dias nos cruzamos pelo menos com 10 pessoas parvas, sem que daí advenham erupções de pancadaria e desacatos violentos e antes pelo contrário as pessoas cheguem a ser simpáticas e prestáveis com estranhos, é sinal de que nós, seres humanos, somos uma coisa única, especial e bonita.

Tendo disto isto há dias de merda. Dias em que tudo o que nos foi dito, sugerido ou respondido parece ofensivo e só apetece um gajo desancar uma outra pessoa mais pequena que nós e que não consegue ripostar, ou fugir para o deserto e viver como aquele eremita cuja história partilhei antes, ou encharcar-se em vinho e cerveja até adormecer, torpe e confuso. Dias em que o Passos Coelho parece ainda mais um gigantíssimo monte de merda e em que os pronunciamentos do Cavaco, que prevê um crescimento económico acima do esperado pelo Governo (caralhos me fodam que este presidente é de tal forma espectacular que consegue encontrar tempo na sua agenda preenchida para rabiscar no guardanapo umas operações econométricas e oferecer as suas previsões de crescimento, actividade para a qual o Banco de Portugal contrata pelo menos 10 pessoas e o Governo outras 10, mais 10 para ajudar a carregar a pasta com os números do Parlamento para Bruxelas, que aquela merda é pesada), parecem ainda mais estapafúrdios e de má-fé. Não é que o gajo mal interferiu com as violações colectivas a que este governo tão prazenteiramente se entregou, mas agora já quer condicionar o próximo governo, sugerindo que tipo de reformas terão que ser implementadas.

Mas pronto meus amigos, o que é preciso é um gajo dormir de consciência tranquila, preferivelmente com os tomates vazios (ou a vagina devidamente esgotada) e o frigorífico carregado. Tudo o resto é supérfluo.