segunda-feira, 9 de março de 2015

Sou o maior do mundo

Alguém me explica porque é que não consigo engraçar com o João Magueijo? Tanta desenvoltura para depois escrever as merdas que escreve? Eu até gosto da ideia de um gajo ser professor de Física e ao mesmo tempo estar a cagar-se para as aparências. Só que isso só vale a pena se acrescentar valor ao discurso aborrecido e desinteressante que infelizmente domina o espaço publicado em Portugal. Mas este gajo só acrescenta merda. Naquele editorial do Público põe-se a falar da imprensa britânica e só diz cagadas. O gajo nunca leu o Guardian, o Independent ou o The Economist? Pois eu, na minha imensa sabedoria, raramente encontrei espaços de comunicação social onde a auto-crítica fosse tão normal. O Magueijo deve ter dado uma olhadela aos pasquins de direita, onde naturalmente o patriotismo paternalista deverá dominar, assim como domina em Portugal, na Alemanha ou nos EUA, e extraiu daí conclusões que lhe permitem permanecer confortavelmente ignorante sem ter que se sentir culpado. Se calhar se o gajo aplicasse a estas observações a mesma atitude de observação sistemática que eu assumo ele aplique ao estudo da física, conseguisse chegar a conclusões mais interessantes. Já quando ele publicou aquele livro fiquei mal impressionado, pela mesma razão. O tipo sugeriu que as britânicas mais facilmente oferecem broches que dois beijinhos na cara. A sério? Há aqui não só um conservadorismo mal-cheiroso (e se fosse verdade, qual é o problema?) como uma falta de vontade brutal em observar verdadeiramente uma realidade que lhe é estranha para depois oferecer um comentário interessante e novo. Poderia ter mantido o mau-gosto, que bem feito e no lugar certo tem a sua piada, a atítude crítica, a vontade de dizer mal e tudo o resto, mas ter usado essas coisas para dizer alguma coisa interessante. Assim parece apenas um velho resmungão, que se está a cagar para as aparências e se mija pelas pernas abaixo porque acha que o mundo lhe deve algo, em vez de um gajo sem preconceitos que usa a sua posição privilegiada para comunicar algo de novo.