segunda-feira, 29 de junho de 2015

Fúria do sul

Que venham o Tsipras e o Varoufakis, de espada desembainhada, num cavalo branco, rodeados de gregos e gregas baixinhos, de pernas tortas e bigode, por aí acima, em direcção ao norte, a correr tudo a toque de porrada e decapitação. Quando passarem por Berlim e Bruxelas, e arrasarem com aquela merda toda, espero que se ponham num avião da Easyjet e venham dar um par de estalos e pontapés na cona ao Passos Coelho e ao Cavaco, não se esquecendo de atirar umas bombas de mau cheiro para o Palácio do Rajoy em Madrid. É uma vergonha do caralho que haja quem continue a insistir que a Grécia tem que comer e calar uma política falhada, que tornou a dívida mais insustentável do que antes, que aumentou o desemprego, o cinismo e o desespero, sem ajudar a resolver nenhum dos verdadeiros problemas da Grécia, que têm a ver com o sistema politico e a governabilidade. Tudo isto para não ofender meia dúzia de egos, que ficariam muito magoados se tivessem que assumir publicamente que toda a sua seriedade, as suas testas franzidas e os óculos postos na ponta do nariz, para realçar a condescendência com que olham para o mundo, não valem um pintelho.

Todos os doutores da desinformação que celebraram a capitulação do Syriza há uns meses atrás, que vejam agora como eram e são uns filhos-da-puta. Estavam todos felizes a celebrar a humilhação dos gregos e nem perceberam que pela primeira vez desde que começou a crise, estavam a lidar com gente honesta no governo da Grécia.

Isto ainda está apenas a começar meus amigos. Agora é que vem o aperto a sério. Não estou a falar do aperto na Grécia, que é inevitável. Estou a falar do aperto a Portugal. É que quando a Grécia cair a Alemanha vai exigir medidas que blindem o Euro, como gostam de dizer os tecnocratas, que até poderão incluir passos positivos que estimulem o crescimento. O governo Português vai dizer que as migalhitas alemãs são prova de que o 'nosso esforço' está a ser recompensado, escondendo que com essas migalhitas virá uma mensagem muito clara: comportem-se meus cabrões, que não vamos admitir que outro país de merda e insignificante venha por em causa a estabilidade do nosso projecto. Quanto tempo durará este arranjo? Quanto tempo até que um país com gente menos disposta ao compromisso como o nosso comece a fazer merda e arrebente de vez com tudo isto?