segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Calma amigos!

O Sócrates foi preso. O que é que este facto significa para todos nós?

Primeiro, há uma vaga para comentador na RTP. Quando me vierem bater à porta, o que seguramente está prestes a acontecer, direi dignamente que não, pois não me vendo assim, seus capitalistas de merda, saiam daqui, xô! O facto de a RTP ser pública em nada diminui o seu alinhamento claro com as forças neoliberais que nos dominam a todos, especialmente tendo em conta que estas tais forças têm muito pouco de liberais e de neo, lembrando-me mais os estados corporativos do antigamente, em que os lucros de meia dúzia de pessoas de bem, grandes industriais e latifundiários violadores de criadas estavam assegurados por um confortável sistema legal.

Segundo, embora talvez devesse ser primeiro, este encarceramento significa que o Pacheco Pereira, e apenas o Pacheco Pereira, sabe recolher, processar e analisar informação, pois foi um dos poucos que disse desde o início que este tipo era de pouca confiança, quando andava tudo maravilhado (incluindo um tal de Pedro Passos Coelho, um dos principais apoiantes do Sócrates há uns poucos anos atrás) com a merda do Simplex, do Magalhães e das reformas da cócó da Ministra da Educação. Já agora, um aparte: a senhora Maria de Lurdes Rodrigues, recentemente condenada por ter dado uma cunha a alguém (como se atreveu ela, mas pensa que vive onde, em Portugal??), foi a pior professora que tive em cinco longos anos no meu curso de Sociologia. Mas mesmo a pior e isto é verídico meus amores. Pior ainda que o Alexandre Melo, que curiosamente foi a certo ponto nomeado conselheiro cultural do Sócrates, apesar de ser de Direita e, volto a realçar, mau professor.

Terceiro, e isto se calhar é que devia mesmo ser primeiro, apesar da vontade de todos nós em despejar nesta prisão toda a frustração que sentimos nos últimos anos, fingindo que ela significa o momento em que o país se vinga do gajo que nos lixou, estamos quadradamente enganados. O Sócrates não está a ser julgado pelo que fez enquanto PM, nem sequer pelos escândalos que nunca o largaram enquanto se encontrava nestas funções. Está sim a ser julgado (tanto quanto consigo perceber sem exceder o limite de 10 artigos grátis que o caralho do Público me oferece todos os meses) por coisas que se passaram depois. Ou seja, não esperem que venha daqui a catarse colectiva que tanto precisamos, quando finalmente podemos dizer: afinal o gajo era mesmo criminoso e foi por isso que nos enganou. Já agora outro aparte: é na boa dizer que a culpa foi do Sócrates e continuar a ser um bom socialista como eu, porque os gastos do Sócrates tiveram pouco a ver com o estado social e mais a ver com a conta bancária do Jorge Coelho e do gajo que fabricou o Magalhães. Logo estai descansados fofinhos, continua tudo na mesma.

Quarto, teremos obviamente que esperar uns anos para que o mesmo aconteça ao Pedro Passos Coelho e ao Paulo Portas, uma vez que tudo leva a crer que enquanto se mantiverem em funções nem a Tecnoforma, nem a tal fundação para a cooperação, nem os submarinos, serão devidamente investigados. Torna-se claro também que ambos acabarão por ser presos por uma merda qualquer posterior e menos importante, nomeadamente, por montarem bares de alterne ou qualquer coisa do género.

Acho que era isto.